segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Travessia Anitápolis- Urubici Terceiro e Quarto Dia

Terceiro Dia:
Descemos as margens esquerda do Rio Canoas destino ao Cânion Espraiado. O Rio Canoas tem uma extensão de 570 km, o que o faz o maior rio que corre somente no estado de Santa Catarina.

Este foi o dia mais desafiante de toda trip! Bom, pelo menos pra mim!
O tempo nos ajudou novamente, apesar de hoje ter amanhecido nublado e mais frio que nos dias anteriores. Além de ter a preocupação de pegar a Trilha certa, tivemos que ficar sempre atentos ao clima, com possibilidades de mudanças subidas nos obrigando a cancelar o trekking imediatamente. Fiquei bastante preocupada em vários momentos mas confio no meu guia! O jeito foi segurar a onda na marra!


O detalhe aqui não é apenas a cobra, mas o solo. Esta parte rosada é o tipo de solo predominante no topo de vários morros. É como uma esponja encharcada gigante por toda parte. Então quando você pisa, ela afunda. Dá a sensação real de estar caminhando sobre uma imensidão de esponjas gigantes. Pesinhos molhados fazem parte desta parte também!
O trajeto acaba ficando mais cansativo também, dando a mesmo cansado de caminhar em areia fofa.

Bom, aqui eu vi a cobra e sai correndo!!


Olha eu lá atrás queimando os pneuzinhos! Muitos trechos são como este cheios de troncos, poças, arvores caídas. Uma diversão! Bom, eu achei!



Morros por todos os lados e araucárias gigantes enfeitavam o caminho do inicio ao fim.
Ao longo do percurso percebe-se a vegetação mudando e ao mesmo tempo fechando sobre nós. Aos poucos não se vê mais o horizonte e o sentido de orientação dos picos das montanhas se perdem. Fizemos várias tentativas na busca de encontrar a trilha certa. Mas é se perdendo que a gente se acha, né Bruno? :o)

Sobe, desce, abaixa, pula, segura aqui, atola na lama aqui...Nessas horas que percebemos a necessidade de um bom preparo físico. Pernas fortes pra que te quero? Para essa trip!!!! :o) Graças a Deus isso eu tenho! Ombros fortes? Nem tanto!!! Minha mochila parecia ter toneladas. E a força constante dos aproximados 20 kg da mochila, agora pareciam pesar 200 kg...

Durante momentos assim, o autocontrole e a calma são essenciais. Confiar nas próprias capacidades e do seu companheiro de jornada, trabalho em equipe é fundamental no meio do mato também! Decisões rápidas, atenção ao terreno, observar tudo... Aqui a regra é outra da cidade. É você e a Natureza! Misteriosa e imprevisível a todo instante!



Pontos fortes desta Travessia:
ÀGUA!
Água por todos lados: água para beber direto da fonte, para se refrescar, lavar o rosto a qualquer instante. Doce e fresca, sabor de pureza! E talvez com toque de pipi de Búfalos (presentes na Região e que nos deram ou oizinho de longe mas sem chance de fotografia)!!
Outro ponto forte:
EMOÇÃO e ADRENALINA. Meu Deus quanta emoção.

Ponto Fraco desta travessia:
Ela mesma: ÁGUA!
Em certos momentos incomoda o fato de ter de desviar de tantas poças, pular nascente, de estar constantemente com os pés molhados e estar com barro e lama até os joelhos! Detalhe: com a mochilona colada nas costas o tempo todo!


Sujeiras a parte, a INVISIBILIDADE do trecho devido a mata alta dificulta a caminhada e a certeza de estarmos no caminho certo, sendo um grande obstáculo durante todo percurso.
Percorremos todo o dia por passagens cheias de vegetação intensa, xaxins, araucárias e aparições especiais de Búfalos, gado, é claro, tatus e várias curucacas (pássaros típicos da região).




E finalmente, pertinho do pôr-do-sol, o tão esperado Cânion Espraiado com toda sua exuberância se abre em frente aos nossos olhos! Que imensidão! É de tirar o fôlego! Ainda mais que faltavam poucos minutos para o sol de por.
ACORDAAA FRANNNNN!!!
Disperto eu, do meu feitiço da beleza descomunal desse canion, com o grito do Bruno para montagem as pressas do acampamento.
Te liga cabeção!!
Olha a névoa subindo!!!
Quando percebo, numa fração de poucos minutos, percebo uma onda gigantesca de névoa intensa subindo do fundo do canion em direção a nós inundando os 360º da paisagem com um branco gelado e molhado.
Pega água...junta equipamento...cadê a lona....? cadê minha lanterna...? Ai que frio...!!! Te liga Fran..!!!

Ufa! Acampamento pronto!! Entra pra barraca!!! Esse meu Indiana Jones! Me coloca no eixo!
O negócio aqui é:  S-O-B-R-E-V-i-v-Ê-N-C-I-A ....amorrrr!
Que correria! Em meio a toda confusão de barraca e a neblina, desacatando meu guia, num buraco inusitado no Céu, quem eu vejo?
Minha amada Lua Cheia! Mais perfeita do mundo, de tom alaranjado, especial, iluminada, gigante e única em plena beirado do Canion...
Meu coração bateu forte e registrou esta imagem para sempre em minha memória, aliás nem sabia aonde estava a máquina fotográfica a esta altura. Pena! A vida é feita de momentos especiais e com certeza este foi um deles.
Fechamos nosso dia com chave de ouro: Jantinha bem quente para aquecer as mãos e o coração. Sopão de Feijao!! Quem precisa mais do que isso?? Bom, eu não! Dormi feito anjo e de barriga cheia...rss..


Quarto Dia:


Acordamos mergulhados em névoa por todos os lados. Tudo branco! Não se via o Cânion nem nada mais afastado de 2 metros da gente. Cogitamos a idéia de esperarmos a neblina baixar mas realmente isso não iria acontecer, não neste dia pelo menos. Desfizemos o acampamento como foi possível. Tudo estava molhado. Após uma noite de vento e chuva as mochilas estavam encharcadas, parte das roupas já muito sujas de lama do dia anterior, resultando em mochilas mega pesadas! Faz parte!





Encontramos a trilha certa logo em seguida que começamos a caminhada. Percorremos uma antiga trilha usada por tropeiros acredito. Logo ela se alarga possibilitando uma caminhada um pouco mais fácil.
Em meio a caminhada encontramos dois pesquisadores que nos confirmaram a localização correta. Daqui partimos rumo a cidade.





Começa uma nova aventura. Mais tranquila, gostosa de se curtir e podendo reparar em cada detalhe. Plantas, árvores caídas sobre vários trechos, ainda tendo que fugir da lama e poças ainda, mas pedras ao longo da estrada facilitam a caminhada. Inclusive pedras lindas, quartzos, cristais... Aqui nesta área, caminhonetes 4x4 já passam apesar de ainda terem trechos bem radicais nas subidas!
Passamos grande parte do percurso ao lado do Rio Canoas que a essa altura já esta bem maior e com fluxo bem maior de água. Pude puxar o freio e aproveitar mais a região. Tudo exuberante! Curti cada instante mesmo com o sol escondido da gente. Imagina se estivesse ensolarado!!!!

Pedra da Águia:




Chegada a parte em que começa o asfalto na estrada, conseguimos carona de carro com os mesmos pesquisadores de antes, que nos largaram no centro de Urubici. Acredito que economizamos 30 km de caminhada com esta carona. Muito bem vinda por sinal! Obrigada meninos!
Nos hospedamos na Pousada Arco Iris. Reorganizar as mochilas também não é tarefa tão simples!! Mas arrumamos tudo, banho de chuveiro quente, ou quase quente, a metade da frente era frio e a metade de trás era quente. Mas como banho quente é artigo de luxo, me deliciei mesmo assim.



Conhecemos a cidade que é bem pequena e paramos em um local muito especial.Canto do Sabiá. Indico a todos que visitarem Urubici, passar por lá e tomar um delicioso expresso com wrap de chocolate que a Carol faz com muito carinho. Garanto que o Sabiá dará varias dicas bacanas e atenderá você com muito carinho! Adoramos tudo!


Terminamos noite bem quentinhos junto à lareira, com um bom vinho da serra e comida típica da região. Simplesmente perfeito!

Nenhum comentário:

Postar um comentário